Unidade chegou a ser inaugurada pelo ex-governador em 2018, ano eleitoral, com 20% de sua construção inacabada. “Aqueles que se diziam defensores do servidor davam com uma mão e retiravam com as duas”, comentou o governador

O governador Ronaldo Caiado assinou, na tarde desta quarta-feira (3/7), a ordem de serviço para a retomada das obras do Hospital do Servidor Público de Goiás. “Vamos concluir dentro de sete meses, entregar com toda aparelhagem e com médicos atendendo o paciente. Isso de inaugurar para não abrir as portas não acontecerá no nosso governo”, assegurou. Em 2018, ano eleitoral, o ex-governador chegou a realizar solenidade de inauguração, mesmo com a obra visivelmente inacabada. Para conclusão do hospital, faltam 20% de sua construção.

A retomada das obras é resultado de um processo de moralização da gestão do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado (Ipasgo). Desde que Silvio Fernandes assumiu a presidência, informou Caiado, é realizado um trabalho expressivo de saneamento, pagamento de dívidas deixadas pela gestão anterior e planejamento para melhorar o atendimento - processo que vem sendo realizado em todas as secretarias e órgãos ligados ao governo estadual.
Acompanhado por secretários de Estado, autoridades e imprensa, o governador Ronaldo Caiado percorreu as áreas inacabadas no primeiro piso do hospital, incluindo a lavanderia, refeitório, cozinha, enfermaria e, no térreo, a ala para exames de imagem. No espaço onde já deveria estar funcionando o serviço de tomografia, o piso ainda está no chão batido, e as paredes no concreto, com fiação à vista. O governador lembrou que ali há paredes falsas para evitar que os pacientes atendidos do outro lado, na pequena parte que funciona, vejam a real situação.
“Aqueles que se diziam defensores do servidor público davam com uma mão e retiravam com as duas”, comentou Caiado, lembrando que orçamento inicial para construção do hospital era de R$ 67,1 milhões. A obra deveria ter sido entregue em abril de 2016. Nesse período, teve 17 aditivos, o que fez o valor saltar para R$ 84,4 milhões. Segundo levantamento do Ipasgo, serão necessários mais cerca de R$ 80 milhões para equipar a unidade de saúde, já que a gestão passada não realizou previsão orçamentária para aquisição de equipamentos e insumos.

Na coletiva de imprensa, Caiado informou que sequer foi realizado um estudo para definir as especialidades do hospital. Tal levantamento é feito só agora, pela nova gestão do Ipasgo. “O que precisamos neste momento é pensar na qualidade do atendimento. A maneira como o cidadão aqui será recebido, a qualidade de medicina que será ofertada a ele”, disse. Assim que concluído, o hospital terá 211 leitos, 76 de enfermaria e 40 apartamentos, além de 30 leitos de UTI, centro cirúrgico com oito salas, centro de diagnóstico de imagem e centro de oncologia.

Ao lado de Caiado, a primeira-dama Gracinha Caiado argumentou que visitar as obras provocou dois sentimentos. “Alegria, por ver o governador recomeçar a obras, e perplexidade, pela irresponsabilidade do governo anterior, a falta de cuidado com o servidor. As pessoas estão chorando sem atendimento, porque não tem hospital. Isso acontece aqui e em outros lugares”, lamentou. A primeira-dama lembrou o caso do Hospital de Uruaçu, que também tem obras inacabadas.
Além de anunciar a retomada de obras, o governador e o presidente do Ipasgo firmaram um convênio com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Inédita, a iniciativa permitirá que servidores ligados à corporação se inscrevam como usuários do Sistema Ipasgo Saúde. Outra medida foi a assinatura do termo de cooperação com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO). A partir dele, serão criados espaços de negociação para solucionar, por meio do diálogo, conflitos envolvam o Ipasgo e que ainda não tenham sido judicializados.
*Raio-x do Ipasgo*
O presidente Silvio Fernandes apresentou um balanço dos seis meses à frente do Ipasgo. Em resumo, disse que o cenário encontrado em janeiro era caótico e ameaçava o atendimento aos 625 mil usuários. “Herdamos dívidas expressivas", salientou. Uma delas, de R$ 183,4 milhões, foi contraída pelo governo anterior com programas de saúde e outros atendimentos que não eram pagos desde 2002. Havia ainda uma dívida de R$ 89,2 milhões, resultante das contribuições obrigatórias que foram descontadas das folha dos servidores, em novembro e dezembro de 2018, e não foram repassadas ao plano de saúde. "O governador Ronaldo Caiado, logo que assumiu, quitou grande parte desses débitos", ressaltou o presidente.
Tal desequilíbrio financeiro daria autonomia para o plano continuar sobrevivendo por somente mais cinco anos.
Sobre as irregularidades, foram detectados usuários fantasmas, divergências de relatórios e falhas na fiscalização. Foi graças ao pente-fino, determinado pelo governador Ronaldo Caiado, e realizado por meio do Programa de Compliance Público, que o Ipasgo auxiliou a Polícia Civil na deflagração da Operação Morfina. A operação investiga um esquema milionário de fraude e desvio de dinheiro. Segundo Caiado, “o prejuízo já passa de R$ 500 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão”, já que haverá desdobramos.
Mas o Ipasgo já está vivendo uma nova e próspera etapa, com rumos definidos. Silvio Fernandes explicou que o Governo de Goiás efetivou, nestes seis meses, o pagamento de R$ 470 milhões em dívidas deixadas pela gestão anterior com prestadores de serviço. Além disso, só com revisão de contratos, a economia este ano pode chegar a R$ 50 milhões. “O dinheiro que está sendo gasto é com responsabilidade e transparência”, frisou. Sobre a qualidade do atendimento, a certificação ISO 9001 já está garantida até o ano que vem.
Colocando a casa em ordem, Silvio Fernandes garantiu que já é possível pensar nos próximos passos. Uma das prioridades será ampliar rede de atendimento. “Estamos andando pelo Estado para entender a real necessidade do nosso usuário”. Já foram visitadas cinco cidades do interior. A previsão para o segundo semestre do ano é entregar o Ipasgo Ágil, um novo conceito de atendimento que vai oferecer 37 serviços ao usuário em vários pontos do Estado.