Lúcio Flávio Siqueira de Paiva, da Chapa OAB Pra Frente, foi reeleito para o segundo mandato à frente da seccional goiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), em eleição realizada hoje. 10.283 votos, o que representa 55,20% dos votos válidos. A candidatura de Pedro Paulo de Medeiros, da Chapa Nova OAB, cresceu, principalmente nas últimas duas semanas, e ele ficou com 38,89%, com o total de 7.245 votos. Alexandre Caiado, da chapa OAB Pra Você, que fez uma campanha que ele mesmo definiu como modesta, ficou em terceiro, com 1.101 votos (5,91%).

O resultado oficial foi anunciado às 19 horas, mas uma hora antes, com 90% das urnas apuradas, Lúcio Flávio já estava eleito e a comemoração teve início. Ele saiu carregado por correligionários de local de apuração. A apuração foi acompanhada por centenas de advogados. No final, houve troca de empurrões entre dois advogados na rua em frente ao Centro de Convenções, mas eles logo foram contidos.
Assim como a recente eleição para presidente da República, a disputa pelo comando da OAB-GO foi marcada por intenso confronto nas redes sociais, especialmente pelo envio de mensagens no WhatsApp, que, pela própria rede, o grupo atacado se referia como fake news. Muitos casos chegaram à comissão eleitoral da OAB e houve promessas de ajuizamento de ações judiciais, inclusive de queixas criminais, entre os grupos que disputaram a eleição.
Ao contrário da troca de acusações durante o processo eleitoral, no entanto, o clima ontem entre os candidatos, no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia – local e votação e também da apuração dos votos – foi bastante amistoso. Alexandre Caiado, Lúcio Flávio Paiva e Pedro Paulo de Medeiros votaram no período da manhã.
A movimentação maior de advogados votantes – 26 mil estavam aptos em todo o Estado a votar, sob pena de multa pesada –, no entanto, foi maior no período da tarde. A preferência estava estampada nos botons que os advogados estavam usando. A divisão entre os adeptos de Lúcio Flávio e de Pedro Paulo estava bem equilibrada, ao contrário da eleição passada, quando a grande quantidade de eleitores declarados de Lúcio Flávio apontava seu favoritismo franco e que ele seria eleito com grande folga, o que de fato aconteceu.
4 perguntas para Lúcio Flávio Siqueira de Paiva
O que a advocacia pode esperar desse seu segundo mandato?
O primeiro mandato foi de muito trabalho e foi difícil porque tivemos de recuperar a OAB, financeiramente, administrativamente, em termos de estrutura, na capital e no interior, e ainda tivemos de pagar dívidas herdadas da gestão anterior. Neste segundo, queremos fazer um mandato mais realizador em termos materiais, fazer coisas como levar sedes de subseções para onde for necessário, terminar de reestruturar salas de OAB nas cidades do interior e continuar investindo na educação continuada, ampliar e interiorizar a Procuradoria de Prerrogativas, cujo modelo foi implantado em nossa gestão.<TB>O melhor dessa vitória é que ela representa a aprovação por parte da advocacia de uma gestão inovadora.
O que a sociedade pode esperar dos posicionamentos da OAB em Goiás?
Tivemos mandato em que colocamos a OAB novamente em uma situação de independência nas forças políticas. Agora, queremos que ela retome seu protagonismo. Isso significa uma Ordem que saia do gabinete e que seja mais ouvida do que até hoje tem sido. Queremos que os poderes constituídos dialoguem mais com a OAB, principalmente quanto a questões que são essenciais à sociedade, que dizem respeito à coletividade, à moralidade pública, à garantia dos direitos fundamentais. Seremos mais protagonistas.
Quando o projeto da licença-prêmio para os membros do Judiciário chegou à Assembleia, a Ordem se posicionou contrária. Agora, projeto semelhante foi aprovado pelos deputados e sancionado pelo governador. O que a Ordem deve fazer?
A situação em relação à licença-prêmio do Judiciário agora mudou. Antes era projeto, agora é lei aprovada. Passado o período eleitoral, a partir da semana que vem, vou me debruçar sobre esse assunto e discutir qual será o encaminhamento que a OAB dará. Essa é a pauta para a próxima semana. Poderá haver questionamento judicial?
Sempre existe a possibilidade de questionar uma inconstitucionalidade. Mas ainda não nos debruçamos sobre esse assunto. Não sabemos ainda se há algum vício na lei na forma como ela foi aprovada.